O vinho (do grego antigo οἶνος através
do latim vīnum, que tanto pode significar
“vinho” como “videira”) é, genericamente,
uma bebida alcoólica produzida por
fermentação do sumo da uva. Na União
Europeia o vinho é legalmente definido
como o produto obtido exclusivamente
por fermentação parcial ou total de uvas
frescas, inteiras ou esmagadas ou de
mostos.
No Brasil é considerado vinho a
bebida obtida pela fermentação alcoólica
de mosto de uva sã, fresca e madura, sendo
proibida a aplicação do termo a produtos
obtidos a partir de outras matérias-primas.
A origem do vinho remete à aurora da
humanidade. A Babilônia já tinha leis que
tratavam da exportação de vinhos e A Epopéia
de Gilgamesh, mais antigo texto literário
conhecido, do século XVIII antes de Cristo,
já fala de uma mulher, chamada Siduri,
que era taberneira e fazedora de vinho. Na
Grécia e na Roma antiga, o vinho tinha sua origem cercada de lendas, e tinha seus
deuses, Dionísio e Baco. Já no Egito antigo
inscreviam-se nas jarras informações sobre
a safra, a vinha de proveniência e o nome do vinhateiro, eram os primeiros rótulos.
A antiguidade do vinho se deve as
características naturais da uva. Ela é uma
fruta sumarenta e cheia de açúcares, a
única fruta que tem uma tendência natural
à fermentação. Uma vez espremida,
seu sumo logo entra em contato com as
leveduras que farão o processo de fermentação,
presentes em estado selvagem na
casca, gerando o álcool. Isso favoreceu
para que o homem logo descobrisse a
bebida. Vinificações acidentais devem ter
sido comuns em todos os lugares onde a
uva selvagem e povoamentos humanos
se encontraram.
As primeiras vinhas foram provavelmente
plantadas onde hoje se localiza a
junção entre Turquia, Armênia e Geórgia
e datam de aproximadamente sete
mil anos atrás. Em muitos lugares, o
vinho não teve a importância que teria
entre nós. A China conhecia o vinho,
mas não o explorava muito.
Existiram vinhas na Pérsia e na
Índia, mas sem deixar grandes
vestígios. Os povos nativos
da América pré-colombiana
não chegaram a descobrir o
vinho, apesar da existência de
espécies nativas de uva.
O vinho se incorporou à civilização
ocidental de maneira
muito profunda, mais do que
em outras culturas. Isso foi
devido a importância ritual
que os gregos e, depois deles,
os romanos deram à bebida.
Dionísio, deus grego do vinho,
era então cultuado. O vinho
é constantemente citado no
Velho Testamento da Bíblia,
ora como um prazer, fonte de
delícias, ora como um vício a ser evitado;
são 146 citações!
E foi justamente essa importância dada
ao vinho um dos fatores responsáveis por sua melhoria e expansão. Caído o Impé-
rio Romano e iniciada a Idade Média, a
Igreja conseguiu preservar a cultura da
vinha, ameaçada, como outras atividades
sedentárias, pelas invasões bárbaras.
Foram os monges que distinguiram
as melhores cepas de uva para obter o
melhor vinho, criaram técnicas de poda
e cercaram os melhores vinhedos. Com o
estabelecimento da paz, os mosteiros e as
catedrais viram-se cercados de vinhedos
e o comércio voltou a se aquecer. Para o
homem medieval, o vinho era importante
também como alimento, como remédio
contra o frio e como antisséptico da medicina
da época.
No século XIV, o comércio de vinho
era intenso. As exportações de Bordeaux
eram tão importantes que só foram superadas
em 1979. Em 1308, o rei Eduardo
II encomendou o equivalente a 1 milhão
de garrafas para a festa de seu casamento.
Apenas por volta do século XVII surgiu
uma nova perspectiva para o vinho:
a experiência estética. Era o advento de
uma classe social com dinheiro e ávida por
sensações. Nessa época já eram conhecidas
as técnicas para envelhecer e melhorar o
vinho: era o início do vinho fino.
No Renascimento, o vinho preservou
o grande prestígio que trouxe da Idade
Média, e tornou-se um produto nobre.
No século XVIII, surgiu a guarda do vinho
em garrafa de vidro e seu fechamento
com rolha, medidas que aumentaram sua
durabilidade. As grandes regiões produtoras
da Europa puderam, pouco a pouco,
desenvolver vinhos melhores.
Por volta de 1860, surgiu uma praga
que por pouco não destruiu a produção
mundial de vinho. Uma espécie de pulgão,
a Filoxera, foi transportada
pelos rápidos navios a vapor
da América até a Europa. O último
quarto do século XIX foi
marcado pela crise espalhada
pela doença, que redefiniu o
mapa da viticultura no mundo.
Praticamente todas as parreiras
da Europa foram atacadas pela
praga. Após quarenta anos,
a solução foi encontrada: o
enxerto de cepas em vinhas
americanas as havia imunizado.
Ainda no século XIX, Louis Pasteur,
cientista francês, escreveu um estudo que
viria a ser um marco fundamental para o
desenvolvimento da enologia moderna:
“Étudessurlevin”, em que fazia considerações científicas sobre a fermentação
da bebida.
A Europa teve de passar o século XX
se recuperando da crise provocada pela
praga, que veio acompanhada de outras
duas: o oídio e o míldio. As duas
guerras ajudaram a agravar essa
crise e favoreceram a produção
em outras regiões do globo: O
Oeste dos Estados Unidos, a
Nova Zelândia e a Austrália entraram
no ramo da vinha, bem
como outros países colonizados
por imigrantes europeus.
Na década de 1920, nos
Estados Unidos, foi instituída
a chamada Lei Seca para combater
problemas sociais, como dando conta da demanda crescente. Ao
mesmo tempo em que isso ocorreu, os
vinhos oriundos do novo mundo come-
çam a concorrer em qualidade com os mais
famosos vinhos do velho mundo.
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