01/01/16

* A ORIGEM DO VINHO




 O vinho (do grego antigo οἶνος através do latim vīnum, que tanto pode significar “vinho” como “videira”) é, genericamente, uma bebida alcoólica produzida por fermentação do sumo da uva. Na União Europeia o vinho é legalmente definido como o produto obtido exclusivamente por fermentação parcial ou total de uvas frescas, inteiras ou esmagadas ou de mostos.

No Brasil é considerado vinho a bebida obtida pela fermentação alcoólica de mosto de uva sã, fresca e madura, sendo proibida a aplicação do termo a produtos obtidos a partir de outras matérias-primas. A origem do vinho remete à aurora da humanidade. A Babilônia já tinha leis que tratavam da exportação de vinhos e A Epopéia de Gilgamesh, mais antigo texto literário conhecido, do século XVIII antes de Cristo, já fala de uma mulher, chamada Siduri, que era taberneira e fazedora de vinho. Na Grécia e na Roma antiga, o vinho tinha sua origem cercada de lendas, e tinha seus deuses, Dionísio e Baco. Já no Egito antigo inscreviam-se nas jarras informações sobre a safra, a vinha de proveniência e o nome do vinhateiro, eram os primeiros rótulos. A antiguidade do vinho se deve as características naturais da uva. Ela é uma fruta sumarenta e cheia de açúcares, a única fruta que tem uma tendência natural à fermentação. Uma vez espremida, seu sumo logo entra em contato com as leveduras que farão o processo de fermentação, presentes em estado selvagem na casca, gerando o álcool. Isso favoreceu para que o homem logo descobrisse a bebida. Vinificações acidentais devem ter sido comuns em todos os lugares onde a uva selvagem e povoamentos humanos se encontraram. As primeiras vinhas foram provavelmente plantadas onde hoje se localiza a junção entre Turquia, Armênia e Geórgia e datam de aproximadamente sete mil anos atrás. Em muitos lugares, o vinho não teve a importância que teria entre nós. A China conhecia o vinho, mas não o explorava muito. Existiram vinhas na Pérsia e na Índia, mas sem deixar grandes vestígios. Os povos nativos da América pré-colombiana não chegaram a descobrir o vinho, apesar da existência de espécies nativas de uva. O vinho se incorporou à civilização ocidental de maneira muito profunda, mais do que em outras culturas. Isso foi devido a importância ritual que os gregos e, depois deles, os romanos deram à bebida. Dionísio, deus grego do vinho, era então cultuado. O vinho é constantemente citado no Velho Testamento da Bíblia, ora como um prazer, fonte de delícias, ora como um vício a ser evitado; são 146 citações! E foi justamente essa importância dada ao vinho um dos fatores responsáveis por sua melhoria e expansão. Caído o Impé- rio Romano e iniciada a Idade Média, a Igreja conseguiu preservar a cultura da vinha, ameaçada, como outras atividades sedentárias, pelas invasões bárbaras. Foram os monges que distinguiram as melhores cepas de uva para obter o melhor vinho, criaram técnicas de poda e cercaram os melhores vinhedos. Com o estabelecimento da paz, os mosteiros e as catedrais viram-se cercados de vinhedos e o comércio voltou a se aquecer. Para o homem medieval, o vinho era importante também como alimento, como remédio contra o frio e como antisséptico da medicina da época. No século XIV, o comércio de vinho era intenso. As exportações de Bordeaux eram tão importantes que só foram superadas em 1979. Em 1308, o rei Eduardo II encomendou o equivalente a 1 milhão de garrafas para a festa de seu casamento. Apenas por volta do século XVII surgiu uma nova perspectiva para o vinho: a experiência estética. Era o advento de uma classe social com dinheiro e ávida por sensações. Nessa época já eram conhecidas as técnicas para envelhecer e melhorar o vinho: era o início do vinho fino. No Renascimento, o vinho preservou o grande prestígio que trouxe da Idade Média, e tornou-se um produto nobre. No século XVIII, surgiu a guarda do vinho em garrafa de vidro e seu fechamento com rolha, medidas que aumentaram sua durabilidade. As grandes regiões produtoras da Europa puderam, pouco a pouco, desenvolver vinhos melhores. Por volta de 1860, surgiu uma praga que por pouco não destruiu a produção mundial de vinho. Uma espécie de pulgão, a Filoxera, foi transportada pelos rápidos navios a vapor da América até a Europa. O último quarto do século XIX foi marcado pela crise espalhada pela doença, que redefiniu o mapa da viticultura no mundo. Praticamente todas as parreiras da Europa foram atacadas pela praga. Após quarenta anos, a solução foi encontrada: o enxerto de cepas em vinhas americanas as havia imunizado.
Ainda no século XIX, Louis Pasteur, cientista francês, escreveu um estudo que viria a ser um marco fundamental para o desenvolvimento da enologia moderna: “Étudessurlevin”, em que fazia considerações científicas sobre a fermentação da bebida. A Europa teve de passar o século XX se recuperando da crise provocada pela praga, que veio acompanhada de outras duas: o oídio e o míldio. As duas guerras ajudaram a agravar essa crise e favoreceram a produção em outras regiões do globo: O Oeste dos Estados Unidos, a Nova Zelândia e a Austrália entraram no ramo da vinha, bem como outros países colonizados por imigrantes europeus. Na década de 1920, nos Estados Unidos, foi instituída a chamada Lei Seca para combater problemas sociais, como dando conta da demanda crescente. Ao mesmo tempo em que isso ocorreu, os vinhos oriundos do novo mundo come- çam a concorrer em qualidade com os mais famosos vinhos do velho mundo.



Sem comentários: